Houve outr'ora um palácio, hoje em ruinas,
Fundado n'uma rocha, à beira mar...
D'onde se avistam lívidas colinas,
E se ouve o vento nos pinhais prégar.
Houve outr'ora um palácio, hoje em ruinas...
N'esse triste palácio inabitável,
As janelas, sem vidros, contra os ventos,
Batem, de noite, em couro miserável,
Lembrando gritos, uivos, e lamentos.
N'esse triste palácio inabitável...
Só resta uma varanda solitária,
Onde medra uma flor q bate o norte,
Sacudida da chuva funerária,
Lavada de um luar branco de morte.
Só resta uma varanda solitária...
Bate a flor entre as grades, oscilantes,
Pedindo orvalho aos céus desapiedados,
E à brancura da lua, soluçante,
Falando de desejos sempre alados.
Bate a flor entre as grades, oscilantes...
Como n'essa varanda apodrecida,
Em minha alma uma flor também vegeta...
Toda a noite dos ventos sacudida,
Íntima, humilde, lírica, secreta.
Como n'essa varanda apodrecida,
Vai tu, ó minha dor, a esse palácio,
E arranque-lhe essa flor!... Vai, sem tardança,
Como um guerreiro audaz do velho Lacio
Arranca-a... e calca-a aos pés, porque é a Esperança
-Vai tu, ó minha dor, a esse palácio!
By: Gomes Leal
4 comentários:
Oi amigo
Muito bonita a poesia, a foto é bem melancólica.Mas mesmo diante de tanta tristeza a esperança nunca morre, temos que busca-la onde quer quer que esteja.
bjs
Como vc mesmo disse,que poema!Parabéns Joel pela escolha e por partilhar com os amigos um poema tão belo.Bjus
Oi Joel,
Que belo poema! Ele traduz o estado de espírito que se encontram muitas pessoas nos dias atuais, esperando uma resposta do céus! Dentro de muitas criaturas humanas reside esse palácio triste, vazio, com essa flôr na avaranda apodrecida, mas, que grita dentro de si mesma a liberdade que hora não consegue, querendo um milagre talvez para quebrar os grilhões que o prendem!
Parabéns!
Abraços,
Giseti.
Olá Joel, meu foffis!
Que poema lindo! Lindo, triste e profundo... Não conhecia esse poeta! Gostei demais!
Grande beijo, meu querido!
Jackie
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